Gastronomia que apaixona

Hoje resolvi fazer diferente e escrever sobre uma história real, num depoimento emocionante de uma mulher incrível, que ao ingressar na faculdade de Gastronomia e nesse universo culinário, viu sua vida mudar e uma paixão florescer.

Uma mulher cuidadosa e carinhosa que sempre quis trabalhar com algo que representasse isso, e assim sempre foi levada aos cursos da área da saúde, pensando que só lá era possível cuidar das pessoas, zelar por elas, ser especial, fazer parte da história delas. Com toda a pressão que é colocada nos adolescentes do ensino médio, entrou no cursinho pré vestibular no segundo ano, e sempre se sentia péssima por não conseguir atingir os objetivos e metas como os outros candidatos. Dormindo duas horas por noite, se sentia culpada. Nos intervalos entre os estudos, assistia Ratatouille, por mais clichê que pareça. Desde os dez anos de idade assistindo ao filme e sempre com aquele brilho no olhar, como se fosse sempre a primeira vez. Um diálogo entre Remi e seu pai no filme começa a fazer mais sentido com o passar do tempo:

"Sabe, pai, chega uma hora em que os pássaros saem do ninho"
"Não somos pássaros, Remi, somos ratos. Não saímos do ninho, aumentamos eles"
"Talvez eu seja um tipo diferente de rato"
"Talvez você nem seja um rato"
"Mas talvez isso seja uma coisa boa"

Extremamente apaixonada por cozinhar, porém sempre impossibilitada por cobranças e expectativas familiares, assim como Remi que, teoricamente, não poderia cozinhar por não ser o lugar dele no mundo. Depois de estudar de 8 a 10 horas por dia todos os dias, as cenas em que o Remi cozinhava sempre a arrancavam lágrimas. Teve sorte em ter um amigo por perto que sempre viu esse lado dela, que sempre soube que no fundo a gastronomia era o lugar ideal pra tudo o que ela queria conquistar, e que insistiu nisso. A exaustão de tentar uma vaga em um um curso que não era certo, foi massante demais. Ela não sabe dizer quando foi que "acordou", mas esse momento chegou e mudou a vida dela: finalmente conseguiu admitir pra ela mesma e pra todos que sim, iria fazer gastronomia e viver a gastronomia. Tem coisas que acontecem, pessoas que a gente conhece, situações que nos acometem que simplesmente nos transformam. A gastronomia é humana, une e cuida das pessoas.

"Por isso que hoje eu falo tanto que a gastronomia salvou minha vida, pois antes de começar o curso eu estava simplesmente saturada, não queria mais fazer algo que eu não gostava, estava completamente infeliz, irrealizada, insatisfeita. Hoje, não consigo me lembrar de ter amado tanto algo na vida como eu amo o que eu faço, que seja eterno esse fogo de palha."


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